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Eu preciso transformar em livro esta dor horrível, anuncia a narradora, logo no começo de A gente vai se separar. A sentença tem uma destinatária exata. Uma interlocutora cada vez mais silenciosa, cada vez mais ausente. Alguém que, em breve, vai morrer. Antes do Natal, talvez. Uma pessoa que, na verdade, já parece bem mais morta do que quando comecei a escrever. Que teve, súbito, um diagnóstico inesperado. Câncer no cérebro. E que, agora, nem sempre se parece com quem era antes: Quando eu crescesse, eu teria uma filha, e a tenho de supetão: ex-mãe. Cadê a minha mãe? Não volta mais.

A Gente vai Se separar

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